Introdução
Montei meu
blog quase que para auto-consumo.
Queria um
espaço virtual onde pudesse expor minhas idéias, sentimentos, indagações,
inquietações e angústias. Ou,
quem sabe, onde eu pudesse despejar minha fome de partilha.
Faço-o sem grandes
expectativas de público mas, tão somente, para gestar uma catarse mais visível. Uma
catarse que possa, quem sabe, ser escutada,
ainda que longinquamente debatida,
refletida, questionada.
E também, lá
no fundo, porque penso que os sentimentos e pensamentos de uns podem, de alguma
forma, vir a ser instrumentos de ajuda a outros.
Sinto o blog
como um diário moderno, onde a revelação
consentida de segredos, ao mesmo tempo em que mostra, seduz, convida e
inspira.
Mágica fusão
de divisão e multiplicação dos nossos
tempos...
Quero falar de
tudo mas, sobretudo, de Justiça, essa palavra-conceito que escolhi como meta ao
longo da minha vida e cultuei como deusa ao longo de minha carreira, mas que,
hoje, vejo estilhaçar-se, de forma dolorosamente inconseqüente, exatamente nos
berços e meios onde deveria se encontrar
sobre um altar.
Não vou falar
da Justiça Divina pois essa é
inquestionável e transcende de nosso
limitado entendimento, sendo a fonte maior da certeza de que, de alguma forma,
em algum momento, todos os erros serão corrigidos.
Vou falar,
fundamentalmente, da (in)Justiça dos
homens, que, ultimamente, tenho visto
esparramar-se pelo chão em estilhaços, sobre os quais as pessoas caminham,
indiferentes, como se pisassem em apenas
lixo desimportante.
Tenho visto os
olhos de Themis fechados não para as
diferenças das pessoas a quem deveria igualar, mas para a verdade.
Tenho visto a
balança de Themis cambalear, incerta, sem a preocupação de se manter fiel.
Tenho visto
aplicadores da Justiça perpetrando verdadeiras barbaridades em nome da lei, que
torcem e distorcem segundo conveniências.
Tenho visto,
mais e pior que isso, o conivente
silêncio daqueles que poderiam fazer alguma coisa e não fazem.
E inicio meu
blog como aquele passarinho na floresta que, diante do incêndio, não foge com
os demais, e, ainda que saiba que não vai conseguir debelar o incêndio,
prossegue lançando gotinhas de água
sobre algumas plantinhas que possa salvar.
E se, ao longo
de muitas idas e vindas e de muitas gotinhas, ao menos alguma plantinha se
salvar, terei certeza de valeu a pena.
Linda
Brandão Dias
29/08/2012
Dra. Linda,
ResponderExcluirSeu texto é simplesmente emocionante, ainda mais para quem conhece um pouco da sua trajetória profissional e lhe admira.
Saiba que mais "passarinhos" estão nesta floresta.
Abraços, Eduardo.
Obrigada, Dr. Eduardo. O importante é compartilhar e é muito bom saber que há outros pássarinhos nessa floresta. Abraços, Linda.
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