segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Introdução
Montei meu blog quase que para auto-consumo.
Queria um espaço virtual onde pudesse expor minhas idéias, sentimentos,  indagações,  inquietações e angústias.  Ou, quem sabe, onde eu pudesse despejar minha fome de partilha.
Faço-o sem grandes expectativas de público mas, tão somente,  para gestar uma catarse mais visível. Uma catarse que possa, quem sabe, ser  escutada, ainda que longinquamente debatida,  refletida, questionada.
E também, lá no fundo, porque penso que os sentimentos e pensamentos de uns podem, de alguma forma, vir a ser instrumentos de ajuda a outros.
Sinto o blog como um diário moderno, onde a revelação  consentida de segredos, ao mesmo tempo em que mostra, seduz, convida e inspira.
Mágica fusão de divisão e multiplicação  dos nossos tempos...
Quero falar de tudo mas, sobretudo, de Justiça, essa palavra-conceito que escolhi como meta ao longo da minha vida e cultuei como deusa ao longo de minha carreira, mas que, hoje, vejo estilhaçar-se, de forma dolorosamente inconseqüente, exatamente nos berços e  meios onde deveria se encontrar sobre um altar.
Não vou falar da Justiça Divina  pois essa é inquestionável e transcende de  nosso limitado entendimento, sendo a fonte maior da certeza de que, de alguma forma, em algum momento, todos os erros serão corrigidos.
Vou falar, fundamentalmente, da  (in)Justiça dos homens,  que, ultimamente, tenho visto esparramar-se pelo chão em estilhaços, sobre os quais as pessoas caminham, indiferentes, como se pisassem  em apenas lixo desimportante.
Tenho visto os olhos de Themis fechados  não para as diferenças das pessoas a quem deveria igualar, mas para a verdade.
Tenho visto a balança de Themis cambalear, incerta, sem a preocupação de se manter fiel.
Tenho visto aplicadores da Justiça perpetrando verdadeiras barbaridades em nome da lei, que torcem e distorcem segundo conveniências.
Tenho visto, mais e pior que isso,  o conivente silêncio daqueles que poderiam fazer alguma coisa e não fazem.
E inicio meu blog como aquele passarinho na floresta que, diante do incêndio, não foge com os demais, e, ainda que saiba que não vai conseguir debelar o incêndio, prossegue  lançando gotinhas de água sobre algumas plantinhas que possa salvar.
E se, ao longo de muitas idas e vindas e de muitas gotinhas, ao menos alguma plantinha se salvar, terei certeza de valeu  a pena.
                                                           Linda Brandão Dias
                                                                  29/08/2012

2 comentários:

  1. Dra. Linda,
    Seu texto é simplesmente emocionante, ainda mais para quem conhece um pouco da sua trajetória profissional e lhe admira.
    Saiba que mais "passarinhos" estão nesta floresta.
    Abraços, Eduardo.

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  2. Obrigada, Dr. Eduardo. O importante é compartilhar e é muito bom saber que há outros pássarinhos nessa floresta. Abraços, Linda.

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